Histórico

Breve histórico do Sistema Integrado de Telemedicina e Telessaúde

O Sistema Integrado de Telemedicina e Telessaúde, STT, é o resultado de longas pesquisas tanto em tecnologia de informática na saúde quanto em modelos de processo de trabalho na saúde e protocolos de atenção à saúde que resultaram em um sistema que é mais do que apenas uma complexa infraestrutura de software: o STT também é um modelo de como inserir tecnologia de telemedicina no contexto do processo de trabalho de uma rede de hospitais, clínicas e postos de atendimento no setor público de saúde, além de oferecer também uma série de protocolos de atendimento e realização de exames que facilitam e organizam o trabalho do profissional da área de saúde que utiliza tecnologia de Telemedicina e Telessaúde. Conseguimos realizar isto através de pesquisa integrada entre cientistas das áreas da Computação, saúde pública e especialidades médicas envolvidas nos diferentes ramos em que o STT oferece serviços.

Como surgiu o STT?

Em 1997 foi criado um projeto de colaboração internacional entre a UFSC e a Universidade de Kaiserslautern, na Alemanha, cujo objetivo era envolver a UFSC em um projeto de pesquisa na área de processamento e interpretação de imagens médicas e bancos de dados de imagens DICOM e PACS de alto desempenho iniciado em 1992 pelo professor Aldo von Wangenheim na Alemanha. Em 1999 entendemos que, para que esse projeto passasse a ter aplicação real e resolver as necessidades que identificamos no Estado de Santa Catarina, seria necessário criar mais um braço no projeto: a Telemedicina. O objetivo foi desenvolver tecnologia para facilitar o acesso a exames, prover diagnóstico à distância, e oferecer resultados de exames de imagem a pacientes.

Em 2002 estava operacional a primeira rede de telemedicina de Santa Catarina, envolvendo o Hospital Universitário da UFSC e três clínicas privadas da região da grande Florianópolis: Clínica DMI, TC Radiodiagnóstico e Clínica St. Patrick.

No ano seguinte foi desenvolvido o primeiro aplicativo móvel de apoio ao telediagnóstico radiológico, que utilizava computadores de mão do tipo PDA – Personal Digital Assistant.

Nessa época também fomos pioneiros e desenvolvemos a primeira ferramenta PACS com suporte ao recém inventado modelo de laudo estruturado DICOM SR, que permitiu integrar tanto imagens médicas quanto os documentos sobre estas imagens codificados na forma de laudos formais e com vocabulários controlados, tudo em um único sistema servidor de alta performance em nuvem.

O governo do Estado de Santa Catarina se interessou pela tecnologia e, em 2004 foi iniciado o primeiro projeto piloto de telemedicina em Santa Catarina envolvendo o HU/UFSC e oito municípios, cinco deles no Meio Oeste do Estado de Santa Catarina. Para atender as necessidades do governo de Santa Catarina ampliamos o escopo de aplicação para a área da Telecardiologia, desenvolvendo tecnologia capaz de ser aplicada diretamente na Atenção Básica à Saúde – ABS.

Para essa finalidade foi desenvolvido um conceito completamente inovador de interação do usuário com a telemedicina assíncrona: criamos uma interface na web na qual tanto o “telemédico” laudador quanto o profissional requisitante recebiam a sua lista de exames apresentada como em um software de webmail.

Em 2005 o governo do Estado de Santa Catarina consolidou o projeto e criou a RCTM – Rede Catarinense de Telemedicina, como um projeto de longo prazo para ampliação da infraestrutura de atenção à saúde no estado. A meta explícita do projeto era ”tirar o paciente da estrada” e para isso desenvolvemos uma série de novas tecnologias para apoiar o telediagnóstico na mais ampla variedade de modalidades de exames, além de modernizar a tecnologia do nosso PACS para operar em nuvem. Alguns anos depois o governo do Estado de Santa Catarina incluiu a Telemedicina como Política de Estado em seu documento de referência de planejamento plurianual.

Veja aqui um resumo de um o documentário da TV UFSC, de 2006, sobre o impacto que tiveram estes primeiros anos de implantação da telemedicina em Santa Catarina: https://bit.ly/telemed2006

Em 2006 fomos convidados para uma reunião na sede brasileira da Organização Panamericana de Saúde, em Brasília, para a discussão de uma nova iniciativa conjunta entre a OPAS e o Ministério da Saúde: a Telessaúde como estratégia de apoio ao médico da atenção básica. Em 2007 a RCTM passou formalmente a integrar o Programa Telessaúde Brasil, com um projeto específico para Santa Catarina voltado tanto para o apoio do profissional na atenção básica à saúde quanto na promoção de formação continuada à distância.

Com a oferta de tele educação para a estratégia de saúde da família e o apoio direto ao profissional de saúde na atenção básica, começamos a oferecer muitos novos serviços. Veja aqui um vídeo de 2012 descrevendo os impactos da integração entre Telemedicina e Telessaúde em Santa Catarina: https://bit.ly/telemed2012

Com mais essa ampliação de escopo, foram criadas novas áreas de pesquisa no projeto: Modelos de Processo de Trabalho na Saúde e Protocolos de Atenção à Saúde aplicados à telessaúde e ao telediagnóstico. Para isso a equipe de pesquisadores da área de saúde do projeto, que até aquele momento era composta principalmente por pesquisadores nas especialidades de telediagnóstico da RCTM, foi ampliada por meio da participação de pesquisadores na área da Saúde Pública.

Como resultado dessa pesquisa sobre a interação entre Saúde Pública, Telemedicina e Telessaúde, desenvolvemos os inovadores conceitos de Teleconsultoria Assíncrona e Protocolos de Conduta Clínica Acompanhada via Telessaúde. Esses conceitos e as ferramentas de software para aplicá-los no contexto da baixa, média e alta complexidade, são até hoje a marca do STT e são o que permite a aplicação do STT como um modelo de solução integrando tanto ferramentas de software quanto processos de trabalho de altíssimo impacto no aumento da resolutividade da Telemedicina e da Telessaúde na atenção básica.

Em 2021 firmamos acordo com a EBSERH para desenvolvimento conjunto da plataforma de referência em PACS, Telemedicina e Telessaúde para todos os hospitais universitários do país. 

Hoje, graças a todas essas atividades de pesquisa e uma grande interação com gestores municipais e estaduais de saúde e também com o Ministério da Saúde, podemos oferecer uma plataforma tanto tecnológica quanto metodológica para atender a mais variada paleta de necessidades, da atenção primária até a alta complexidade. Hoje, além daquilo que se associa normalmente com Telemedicina e Telessaúde, oferecemos integrado à nossa plataforma um conjunto de serviços como gestão de tratamentos fora de domicílio online e business intelligence – BI, com visualização epidemiológica sobre mapas em tempo real, além de apoio a decisão do gestor de saúde. Tudo baseado em uma infraestrutura tecnológica com o mais alto nível de segurança e alinhada aos mais modernos padrões de Informática em Saúde, como interfaces de comunicação de dados HL7 FHIR. 

Veja a playlist STT no Seminário EBSERH sobre Transformação Digital na Saúde, com muitos vídeos sobre o STT aqui: https://bit.ly/stt-ebserh